terça-feira, julho 17, 2007

Olhos azuis



Os dias nunca pararam por causa das minhas dores, mas deviam.
Egoísta? Sinceramente, estou-me nas tintas.


Já devia saber que ser adulto é o doutoramento da vida, a fase trabalhosa, um sem número de responsabilidades (incluindo a de bom comportamento, mesmo nas piores alturas).

Ser adulto é engolir sapos. É ter que ter uma consciência que não pára de dizer "come os bróculos!" mesmo quando só queremos é as batatas fritas. É dizer adeus a um(a) amigo(a) que se vai para um lugar melhor, quando o que queremos é amarrá-lo(a) a uma cadeira como quem insinua "nem te atrevas a desaparecer-me da vista". É chorar em privado porque seremos infantis se o fizermos em público, principalmente quando o queremos fazer a toda a hora. É ter que acreditar que "tudo passa", tudo melhora com o tempo, mesmo que esse tempo se arraste como uma cruz que carregamos diariamente, mas em segredo, não vão as pessoas pensar que não somos maduros o suficiente.
Ser adulto é não pedir que voltes, mesmo quando é isso que a criança que há em mim não pára de berrar.

Os dias nunca pararam pelas dores de ninguém, e eu não sou excepção (porque haveria de ser?). Os dias escorrem por mim sempre da mesma maneira teimosa e indiferente, quase sádica (ou estarei a imaginar coisas?).

Ultimamente parece que só tenho tristezas a partilhar, mas a verdade é que a adulta que há em mim sopra-me constantemente ao ouvido que "não é bem assim"... E eu sei disso... Só que há dias em que não quero saber, desculpem o desabafo.

A boa notícia é que estou quase de férias (uma semanita, por enquanto) e isso vai ajudar. Espero eu.